quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Raça Garvonesa

A

 
Raça Bovina Garvonesa (ou Chamusca)
HISTORIAL

A Raça Bovina Garvonesa também designada de Chamusca é considerada por alguns autores, uma forma de transição entre a raça Alentejana e a raça Algarvia, tendo-se desenvolvido por acção do meio e estabelecido o seu solar de origem na bacia do Rio Mira. Em tempos, estes animais estavam dispersos pelos concelhos de Santiago do Cacém, Odemira, Ourique e Castro Verde. Tendo ido buscar o seu nome à Feira de Garvão (Ourique), local onde habitualmente era transaccionado. Estes animais eram muito procurados pela sua robustez e por serem bons para o trabalho.

Em 1994, altura em que o Bovino Garvonês se encontrava em vias de extinção, o parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), delegação do Instituto da Conservação da Natureza (ICN), elaborou o “Projecto de Recuperação e Manutenção do Bovino Garvonês” com o objectivo de contribuir não só para a conservação de um património genético único, mas também com a intenção de manter e melhorar os sistemas agrícolas extensivos e semi-intensivos.

Este projecto iniciou-se com a realização do levantamento de animais ainda existentes, o que levou à instituição do registo Zootécnico da Variedade Bovina Garvonesa (ou chamusca). A partir do ano 2000, este registo, passou a ser gerido pela Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), também a partir desse ano, foi reconhecida como raça autóctone elegível nas Medidas Agro-Ambientais, programa de “Manutenção de Raças Autóctones”, como raça particularmente ameaçada, estatuto que ainda conserva devido há existência de poucos exemplares adultos. Foi também a partir desta data, que passou a ser Secretário Técnico da Raça, o Dr. Carlos Bettencourt.

São animais que constituem uma das raças de bovinos, capazes de resistirem aos piores tratamentos e intempéries, vivendo de alimentos de baixo teor nutritivo. A conformação corporal, situa-se entre a da Alentejana e a da Algarvia, variando a corpulência de grande ou média conforme a região onde vive e de acordo com a disponibilidade de alimento.


CARACTERIZAÇÃO

Caracterizam-se por serem animais de corpulência grande e mediana. As fêmeas distinguem-se por serem de cor castanha - avermelhada, de dorso mais claro e chanfro, cernelha e extremidades dos membros pretos. A cor dos machos é predominantemente preta, tendo o dorso mais claro e avermelhado.

A cabeça é de tamanho mediano; fronte de largura média; perfil rectilíneo, sub-convexo e convexo; olhos oblíquos e bem implantados; orelhas bem inseridas, horizontais e providas de pêlos compridos na face interna.

O padrão da raça, descreve os cornos de tamanho regular, escurecidos nas pontas a saírem do crânio no prolongamento da marrafa, e dirigindo-se para trás e ligeiramente para baixo, encurvando-se depois para a frente e para cima, com as pontas curvadas para trás.

A marrafa, deverá ser arredondada e pouco saliente, coberta de pêlos compridos, lisos e de cor preta.

Já o pescoço deverá ser curto e mais espesso nos machos do que nas fêmeas, a barbela apresenta-se medianamente desenvolvida, sendo a cernelha de largura média e pouco saliente.

Estes animais apresentam o peito relativamente destacado, o costado bem arqueado, a região dorso-lombar, comprida e arredondada, levemente côncava, regularmente musculada e com boa ligação à garupa, que deverá ser alta, mais comprida do que larga e também, regularmente musculada.

O ventre destes animais, não é muito volumoso, a nádega apresenta-se relativamente descida, rectilínea e sub-convexa. A coxa, é regularmente larga, com massas musculares pouco profundas. As fêmeas têm um úbere bem implantado.

A cauda é fina e de inserção alta, enquanto que os membros são de grossura média, aprumados e bem musculado, providos de unhas lisas.


EFECTIVO

Actualmente o Registo Zootécnico desta raça bovina, conta apenas com 11 explorações criando em linha pura com explorações situadas no Alentejo e no Algarve, onde existem aproximadamente 502 animais, dos quais 323 tem mais de 2 anos e estão inscritos no Livro de Adultos (LA) e 179 animais jovens (- de 2 anos) registados no Livro de Nascimentos (LN).